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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Criança morre afogada em cisterna da Cosanpa

O domingo de Páscoa foi marcado por dor e tristeza para a família de um garoto de 4 anos, no bairro da Cabanagem, em Belém. Após ter recebido chocolates de presente, minutos depois do almoço, a criança saiu para brincar na companhia de outros amigos da rua. E o que era para ser apenas uma brincadeira acabou em tragédia. Ao avistarem o portão aberto de uma estação elevatória de esgoto da Cosanpa, localizado na esquina da rua Benjamin com rua do Fio, as crianças resolveram entrar. E, no corre-corre da brincadeira, o menino acabou caindo dentro de uma cisterna, sem qualquer tipo de proteção.



“Na mesma hora em que o meu filho caiu, um amiguinho dele foi lá em casa avisar e viemos correndo para cá. No desespero, eu pulei dentro da água para tentar retirá-lo com vida, mas foi em vão. Não pude fazer mais nada. O meu filho já tinha morrido afogado e sumido nessa água suja”, relatou o pai.

A estação da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), onde ocorreu a tragédia, fica próximo à casa da criança. Segundo familiares, o garoto era acostumado a brincar na rua, mas nunca tinha entrado no terreno da estação elevatória de esgoto. “Nós ainda tentamos ajudar o pai do garotinho, colocando uma escada dentro da cisterna, mas, como o poço era muito fundo, a nossa tentativa foi em vão”, revelou um amigo da família.

Homens do Corpo de Bombeiros foram acionados na tentativa de retirar a criança ainda com vida do local, mas a profundidade da cisterna, com cerca de 7 metros, e as condições altamente tóxicas da água foram determinantes para a morte do menino. “Nós trabalhamos sempre na esperança de retirar a vítima com vida, mesmo muitas vezes sabendo que isso é quase impossível. No caso do resgate da criança, todos os indícios levam a crer que ela tenha falecido ao cair no poço. Mas, mesmo assim, isso não diminui a nossa vontade de trabalhar. A nossa missão agora é retirar o corpo do local o mais rápido possível”, relatou o coronel do Corpo de Bombeiros Mario Moraes.

 Resgate do corpo durou quatro horas

De acordo com o coronel, a operação contou com 15 homens de corpo de Bombeiros, a maioria do 5º Sub-Grupamento SBM, do bairro do Mangueirão. No trabalho de resgate, foram utilizados a bomba de sucção da própria Cosanpa, localizada no prédio dentro da estação, e um caminhão hidrojato para sugar a água da cisterna. “Devido às condições da água do reservatório, altamente poluída, precisamos que pelo menos metade da cisterna seja esvaziada para dar continuidade ao nosso trabalho”, explicou o soldado Gurjão, bombeiro do 5º SBM.

Familiares da criança acompanharam de perto todo o trabalho de resgate, que durou cerca de quatro horas. Assim que o corpo do menino foi retirado, os gritos de dor e angústia da mãe e do irmão da criança ecoaram pelo local.

DENÚNCIA


Muito revoltados, moradores da área denunciaram que o terreno da Cosanpa não possui nenhum tipo de proteção tanto em relação a cercas, que são de arame e em algumas partes do terreno são inexistentes, quanto ao perigo das cisternas, que não possuem nenhum tipo de tampa ou grade de segurança. “Desde que eu moro na Cabanagem é assim. A Cosanpa nunca se preocupou com isso. Várias crianças daqui do bairro são acostumadas a brincar no local e nada é feito para reverter essa situação”, denunciou Manuel Ferreira, morador do bairro há mais de 20 anos.

Em resposta às cobranças da população, o engenheiro sanitarista da Cosanpa Levi Rodrigues, que esteve na área acompanhando o trabalho dos bombeiros, disse que a companhia já providenciou várias grades de proteção para as cisternas e que elas sempre são roubadas e demoram para ser substituídas. “Fora isso, a Cosanpa também conta com seguranças particulares em todas as suas estações de esgoto. Aqui na Cabanagem não é diferente. Existem vigilantes que ficam dia e noite na área, mas infelizmente não podemos ter o controle de tudo”, alegou o representante da Cosanpa.

Populares também denunciaram que o vigilante que estava de plantão no momento do acidente teria se negado a ajudar o garoto no acidente. “O amiguinho dele gritou e procurou ajuda, mas não houve nenhuma iniciativa do vigia, que estava sentado dentro da casa que fica no terreno da Cosanpa”, revelou uma moradora da área. Nem o vigilante citado pelos populares nem um representante da empresa que ele trabalha foram encontrados para comentar o caso. (Diário do Pará)

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